Como Canções e Pandemias | 2021

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01. CAÇA À RAPOSA
João Bosco e Aldir Blanc

O olhar dos cães, a mão nas rédeas
E o verde da floresta
Dentes brancos, cães
A trompa ao longe, o riso
Os cães, a mão na testa:
O olhar procura, antecipa
A dor no coração vermelho
Senhoritas, seus anéis, corcéis
E a dor no coração vermelho
O rebenque estala, um leque aponta:
Foi por lá! . . .
Um olhar de cão, as mãos são pernas
E o verde da floresta
– Oh, manhã entre manhãs! –
A trompa em cima, os cães
Nenhuma fresta
O olhar se fecha, uma lembrança
Afaga o coração vermelho:
Uma cabeleira sobre o feno
Afoga o coração vermelho
Montarias freiam, dentes brancos:
Terminou . . .
Línguas rubras dos amantes
Sonhos sempre incandescentes
Recomeçam desde instantes
Que os julgamos mais ausentes
Ah, recomeçar, recomeçar
Como canções e epidemias
Ah, recomeçar como as colheitas
Como a lua e a covardia
Ah, recomeçar como a paixão e o fogo

02. RESPOSTA AO TEMPO
Cristávão Bastos e Aldir Blanc

Batidas na porta da frente é o tempo
Eu bebo um pouquinho pra ter argumento
Mas fico sem jeito, calado, ele ri
Ele zomba do quanto eu chorei
Porque sabe passar e eu não sei

Um dia azul de verão, sinto o vento
Há folhas no meu coração é o tempo
Recordo um amor que perdi, ele ri
Diz que somos iguais, se eu notei
Pois não sabe ficar e eu também não sei

E gira em volta de mim, sussurra que apaga os caminhos
Que amores terminam no escuro sozinhos
Respondo que ele aprisiona, eu liberto
Que ele adormece as paixões, eu desperto
E o tempo se rói com inveja de mim
Me vigia querendo aprender
Como eu morro de amor pra tentar reviver

No fundo é uma eterna criança
que não soube amadurecer
Eu posso, ele não vai poder me esquecer
No fundo é uma eterna criança
que não soube amadurecer
Eu posso, ele não vai poder me esquecer

03. CAUSA PERDIDA
Rosa Passos e Aldir Blanc

O meu amor vive em causas perdidas
sabe as datas vencidas
dos bens que não resgatei
Hei de voltar ao lugar
onde o amor se perdeu
e, pra não repetir
tudo que aconteceu,
vou fazer uma prece
a São Judas Tadeu.

Fui bobo demais
e deu no que deu:
fiquei sem ninguém.
Eu aprendi, tudo bem
só quero esquecer
Meu ex-amor, conto com você. Mas…
não me responda com esse sorriso
sem juízo que eu não vou…

Sei que da próxima vez
Em que eu falar em partir
Até São Judas Tadeu vai rir.

04. QUERIDO DIÁRIO
João Bosco e Aldir Blanc

Confesso, querido diário
Essa mulher me convulsiona
O ar de mártir no calvário
Dentro da bacanal romana

Garanto, querido diário
Que atrás da leve hipocondria
Convive a hóstia de um sacrário
Com o fogo da ninfomania (Hum…)

Hoje, acordei, tomei café, me masturbei
Comprei o jornal, fiz a fé no bicho
Pichei o governo
Me senti quadrado, fui ao analista, cantei “Babalu”
Mais fora de esquadro
Do que esquerdista no Grajaú

Tchu ru ru…
Confesso, querido diário
Essa “MUJER” me convulsiona
O ar de mártir no calvário
Dentro da bacanal romana

Garanto, querido diário
Que atrás da leve hipocondria
Convive a hóstia de um sacrário
Com o fogo da ninfomania (Hum…)

Hoje, acordei, tomei café, me masturbei
Comprei o jornal, fiz a fé no bicho
Pichei o governo
Me senti quadrado, fui ao analista, cantei Babalu
Mais fora de esquadro
Do que esquerdista no Grajaú

E o tempo todo, meu diário
Pensava nela com amargura
O arquipélago das sardas
Nas costas nuas, que loucura!

Constato, querido diário:
Muito pior do que esquecê-la
É encontrá-la pelas ruas
Dizer “Olá, prazer em vê-la!”

Constato, querido diário:
Muito pior do que esquecê-la
É encontrá-la pelas ruas
Dizer: “Olá, prazer em vê-la!”
Tchu ru ru…

05. POR FAVOR
Ivan Lins e Aldir Blanc

Doida
A língua bebe
A estranheza
Gosto de maçã, flor da nova Eva
A incerteza
Ensaia um não
Mas a voz do coração
Se antecipa e diz
Me leva
Eu que antes de ti
Considerava
Crises de paixão, coisa de covarde
Eu que amava o singular
Eu, que desmanchava o par
Só penso em pedir
Me invade, por favor
Por favor, por favor, por faaavoooooor

06. MUITO ALÉM. DO JARDIM
Moacyr Luz e Aldir Blanc

Que maravilha a buganvília
e o calmo dela no verão…
As flores tantas vêm dizer
que choram por mim…
ai, o meu passado um vento mau despetalou…
ai, o meu futuro, quem levou?
Ai…
Cresce a lembrança no meu coração
feito a buganvília ela cresce sem parar
não é bem saudade porque jamais deixou de ser
o tempo vivo em mim, ai…

Já não existe o velho casarão
mas a buganvília, essa cresce sem parar
e chora por mim lembrando de alguém
na casa ao lado
que foi o meu grande amor:
Já não existe o velho casarão
mas a buganvília, essa cresce sem parar
e chora por mim lembrando de alguém
na casa ao lado
que foi o meu grande amor:
a sempre-noiva
a sanguinária
que eu plantei e não vingou.

07. FILHO DE NÚBIA E NILO
Moacyr Luz e Aldir Blanc

Quando o negro se requebra
É a água na pedra que rolou por aí
Vem baiana/o e baticum
É a zarabatana e o dardo em só um
Quando bate palma
O suor da alma
Transparece na cor
Com malícia e rapa
É que o negro escapa
Das lições do feitor
Quando um negro entra na dança
O seu braço é uma lança
De guerreiro noir
Na cabeça mato e rocha
As fogueiras e as tochas
Iluminam o olhar
Meus pais Núbia e Nilo
Ensinaram os brilhos
Pra enfeitar o rancor
Com sorriso e farra
É que o negro escarra
Nas feições do feitor
Negro ginga, espanta no pé
A mendiga tsé-tsé
Xinga que essa língua é de fé
Ginga e figa só de guiné

08. CORSÁRIO
João Bosco e Aldir Blanc

Meu coração tropical
está coberto de neve mas
ferve em seu cofre gelado
a voz vibra e a mão escreve
mar
bendita lâmina grave que
fere a parede
e traz
as febres loucas e breves
que mancham o silêncio
e o cais
Roserais
Nova Granada de Espanha
por você
eu teu corsário preso
vou partir
a geleira azul da solidão
e buscar a mão do mar
me arrastar até o mar
procurar o mar
Mesmo que eu mande em garrafas
mensagens por todo o mar
meu coração tropical
partirá esse gelo e irá
com as garrafas de náufragos
e as rosas partindo o ar
Nova Granada de Espanha
e as rosas partindo o ar
Roserais
Nova Granada de Espanha
por você
eu teu corsário preso
vou partir
a geleira azul da solidão
e buscar a mão do mar
me arrastar até o mar
procurar o mar
Mesmo que eu mande em garrafas
mensagens por todo o mar
meu coração tropical
partirá esse gelo
e irá
com as garrafas de náufragos
e as rosas partindo o ar
Nova Granada de Espanha
e as rosas partindo o ar

Roserais
Nova Granada de Espanha
por você
eu teu corsário preso

09. O RANCHO DA GOIABADA
João Bosco e Aldir Blanc

É verão e a vida é difícil…
Os bóias-fria
Quando tomam umas birita
Espantando a tristeza,
Sonham com bife-a-cavalo, batata-frita
E a sobremesa
É goiabada cascão com muito queijo,
Depois café, cigarro e um beijo
De uma mulata chamada
Leonor ou Dagmar…

Amar
O rádio de pilha, o fogão jacaré, a marmita, o domingo
O bar
Onde tantos iguais se reúnem e contando mentiras
Pra poder suportar Ai…

São pais-de-santo, paus-de-arara, são passistas
São flagelados, são pingentes, balconistas
Palhaços, marcianos, canibais, lírios, pirados,
Dançando dormindo de olhos abertos à sombra
Da alegoria dos faraós embalsamados
É verão e a vida é difícil
E dadunti dadun… dadunti dadun tiiiiiiiiiiiiiii

10. ODALISCA
Guinga e Aldir Blanc

Ela sonha ter mais do que podia ter
Embriagada nas ondas do prazer
A boca é vinho tinto
As mãos são de absinto
E a cintura dela é a estrela por nascer
Escultura moldada pelas mãos de Deus
Sepultura dos que disseram adeus
O rosto é uma pintura
E os homens são molduras vazias
Que ela pode preencher

Por amor, a gente se transforma em São João Batista
A negar Salomé
De paixão, a gente faz proezas de malabarista
Fazendo até o que não quer

Odalisca
Artista da imaginação
Tão promíscua no harém do coração…
A cada um que pede
Promete conceder
Mas recusa Que a musa engana sem querer

Por amor, a gente se transforma em São João Batista
A negar Salomé
De paixão, a gente faz proezas de malabarista
Fazendo até o que não quer

Odalisca
Artista da imaginação
Tão promíscua no harém do coração…
A cada um que pede
Promete conceder
Mas recusa
Que a musa engana sem querer
Que a musa engana sem querer

11. RETRATO CANTADO
Marcio Proença e Aldir Blanc

Quem me vê sentado
atrás dessa mesa de escriturário,
não vê o tarado, o louco, o sanguinário,
o bárbaro sem véu,
o estripador cruel.
Não me vê no convés
de um veleiro de três mastros
me guiando pelos astros
a caminho de Bornéu.
Não sabem que eu roubo
meninos na praça quando a tarde cai
e que os vespertinos já me apelidaram
de monstro assassino
do Parque Shangai…
Mas eles não sabem
que eu sou gigolô de beira de cais
que eu sou o autor do crime da mala
que eu larguei o trapézio por beber demais…
E nem imaginam
as atrocidades que vou cometer
Não desconfiam
que a causa de tudo
é não conseguir me esquecer de você
Eu não consegui me esquecer de você…

12. VALE À PENA OUVIR DE NOVO
Sombra e Aldir Blanc

Sem você
O Rio de Janeiro perde o mel
E a vida anda feito um carrossel
Que às vezes pode enganar, mas que não sai do lugar
É um girar que faz sofrer
Eu quis pagar pra ver
Cadê você?

Sem você
O ensaio do meu bloco perde a luz
O giro da bandeira que seduz
Parece me hipnotizar porque nao sai do lugar
É fantasia sem depois
Uma novela reprisada por nós dois

Foi assim:
Na abertura teve música e maior amor
Mas no meio do caminho a trama complicou
Uma rival pintou com um leva-e-traz
Que eu tinha outra e não te amava mais
Que nos flagrou bebendo em Niterói
Essa é a parte que hoje mais me dói
Fosse por aqui “vá lá”

O final sem happy end se precipitou
Você foi morar na Ilha do Governador
Dizem até que um outro patrocinador
Entrou na história e pagou geral
O nosso amor que já foi carnaval
Agora é cinzas como na canção
Eu pergunto ao violão assim:

Sem você
Meu Deus, o que vai ser do coração?
Parceiro desse enredo que vivi
Mas puxador que atravessou em plena Sapucaí
E hoje quer se reeguer
Mas tira zero em harmonia sem você

13. ÊXTASE
Djavan e Aldir Blanc

Eu devia ter sentido o teu rancor
mas tava doido num jogo de vasco-ô-ô-ô!
Eu fiquei cego na estrada de damasco
e armei num botequim, virei a mesa
tava em êxtase que nem santa teresa
eu devia ter partido a tua cara
mas eu era um são sebastião flechado
mais um seu zé mané, ungido e mal pago
escada pro céu na rua da passagem
aura marginal do morto na garagem
barrabás, querubim, pinel
eu, xará, um bárbaro arataca saqueando roma
eu, xará, um bêbado babaca em estado de coma
eu, xará, o cordeiro de deus, o bode expiatório
a testemunha ocular que não tem nada a ver
o condenado que não tem nada a perder
o mordomo na chanchada de suspense
o presunto na baixada fluminense
a testemunha ocular que não tem nada a ver
o condenado que não tem nada a perder
o mordomo na chanchada de suspense
o presunto na baixada fluminense

Eu devia ter sentido o teu rancor
mas tava doido num jogo de vasco-ô-ô-ô!
Eu fiquei cego na estrada de damasco
e armei num botequim, virei a mesa
tava em êxtase que nem santa teresa
eu devia ter partido a tua cara
mas eu era um são sebastião flechado
mais um seu zé mané, ungido e mal pago
escada pro céu na rua da passagem
aura marginal do morto na garagem,
na garagem, na garagem

14. ALTOS E BAIXOS
Sueli Costa e Aldir Blanc

Foi, quem sabe, esse disco
Esse risco de sombra em teus cílios
Foi ou não meu poema no chão
Ou talvez nossos filhos
As sandálias de saltos tão altos
O relógio batendo, As sandálias, o relógio,
e eu batendo em teu rosto
E a queda dos saltos tão altos
Sobre os nossos filhos
Com um raio de sangue no chão
Do risco em teus cílios
Foram discos demais, desculpas demais
Já vão tarde essas tardes e mais tuas aulas
Meus táxis, whisky, Dietil, Diempax
Ah, mas há que se louvar entre altos e baixos
O amor quando traz tanta vida
Que até pra morrer leva tempo demais…

0 Novo álbum a caminho! Salve Aldir Blanc!

COMO CANÇÕES E EPIDEMIAS

O título não poderia ser mais contemporâneo. Como para sempre o será seu autor. Aldir Blanc _ letrista, compositor, gênio do texto, ourives da palavra.

Augusto Martins e Paulo Malagutti Pauleira uniram qualidade estética a encantamento para “compor” esse trabalho.

São faixas piano & voz que decupam o bardo da Muda.

Flagram arte fora da curva, em parcerias diversas, rezando na bula que Aldir fez de forma perene _ o drible no lugar comum.

0 Beco das Garrafas

Augusto Martins & Paulo Malaguti Pauleira apresentam “Piano, Voz e Jobim” no Beco das Garrafas (Little Club).

Quando: Dia 10/11, sábado, às 19h30
Onde: Rua Duvivier, nº 37 – Copacabana, Rio de Janeiro – RJ
Ingressos: R$30,00 (na hora)
Evento no Facebook: https://www.facebook.com/events/175930776430291/
Informações: (21) 9.6800-8683 | 2543-2962

0 Jazz Village Penedo

Augusto Martins & Paulo Malaguti Pauleira apresentam “Piano, Voz e Jobim” no Jazz Village Penedo.

Quando: Dia 27/10, sábado, às 21h00
Onde: Jazz Village | Rua R. Toivo Suni, nº 33 – Penedo, Itatiaia – RJ
Ingressos: R$40 (crédito e débito) | R$32 (dinheiro)
Evento no Facebook: https://www.facebook.com/events/175930776430291/
Informações: (24) 3351-1275 | 3351-1343

0 Jazz Village Penedo

Augusto Martins & Paulo Malaguti Pauleira apresentam “Piano, Voz e Jobim” no Jazz Village Penedo.

Quando: Dia 26/10, sexta-feira, às 21h00
Onde: Jazz Village | Rua R. Toivo Suni, nº 33 – Penedo, Itatiaia – RJ
Ingressos: R$40 (crédito e débito) | R$32 (dinheiro)
Evento no Facebook: https://www.facebook.com/events/175930776430291/
Informações: (24) 3351-1275 | 3351-1343